quinta-feira, 30 de julho de 2009

Dentro da caixa de Pandora

Permitam-me um capricho: vou sentar-me. O cansaço me toma de tal maneira que nem sei... Minhas pernas já não me obedecem.
Ah, como estou velha. Percebo isso somente hoje, não pelas marcas em minhas mãos, mas pela data da história que vou lhes contar.
Trata-se de um fato muito antigo, passado no princípio de tudo. Ou melhor: antes do princípio de tudo.
Falo de um tempo onde a Terra era ainda obscura e sem vida, e os deuses apenas começavam a por cada coisa em seu lugar.
E quando todos os animais já haviam sido criados, faltava ainda um animal nobre que servisse de recipiente a um espírito.
Então, o titã Prometeu criou o homem, dando-lhe forma e inteligência.
Mas Zeus, devido a uma rixa com os titãs, negou a Prometeu o elemento que faltava para a sobrevivência da espécie humana: o fogo.
A fim de salvar sua criação, Prometeu roubou uma centelha de fogo dos céus e levou aos homens. Agora, donos dos quatro elementos, os homens se sentiam deuses, donos de tudo.
Isso causou em Zeus desespero e pânico.
Sentia falta da submissão dos homens, de quando os deuses eram necessários para sua sobrevivência.
Pensou por um tempo em alguma maneira de resgatar aquela submissão e acabou por chamar Hefesto, hábil artesão, pra que confeccionasse uma escultura com formas femininas.
A forma deveria se assemelhar aos homens de Prometeu, mas ter um quê de diferente... Algo convidativo, encantador, um quê de magia, de sensualidade.
E pede, em seguida, que cada deus dê seu “toque pessoal”. Atena deu a então chamada Pandora a inteligência. Afrodite cedeu a beleza infinita e encantos que a tornariam irresistível a qualquer homem são.
Hermes deu-lhe a língua, e Apolo, uma bela voz.
Então, Zeus, num sopro deu-lhe a vida e uma bela caixa, e disse que Pandora nunca a abrisse. Hera deu-lhe, então, a curiosidade.
Quando Pandora chega ao mundo dos homens, encontra Epimeteu (irmão de Prometeu) que se apaixona por ela e a chama para morar junto a ele em sua casa.
Pandora aceita a gentil oferta, e põe caixa que Zeus a dera em cima de uma mesa da casa de Epimeteu.
Diversas vezes Pandora fitava a caixa, e quando se lembrava da ordem de Zeus, mais tinha vontade de saber o que havia lá dentro.
Um dia, Epimeteu saiu de casa e Pandora sentiu que não resistiria mais.
Cada centímetro da caixa era de uma arte que só mesmo Zeus poderia talhar! Era toda coberta por ouro, Pandora imaginava que riqueza deveria haver por dentro.
Pandora abriu um pouco a caixa e de dentro saiu uma nuvem negra e seres horrendos que produziam barulhos insuportáveis em um volume que só fazia aumentar. Mas Pandora não voltaria atrás: abriu a caixa toda e sua casa foi tomada de todas as mazelas do mundo: a Fome, a Dor, a Tristeza, a Distância, a Doença, o Silêncio, entre outras pragas. Mas havia, no fundo da caixa, algumas soluções para todas as mazelas: o Tempo, a Esperança, e a Premunição.
Zeus, lá no firmamento, se divertia com a confusão de Pandora sob a nuvem de pragas que ela própria libertara e se divertia ainda mais ao pensar que sua vingança seria cumprida: a humanidade não teria saída.
Sob o comando de Zeus, Pandora fechou a caixa num impulso. Mas não antes de deixar sair o Tempo e a Esperança.
E eu, pobre e velha Premunição, fiquei trancada dentro da caixa, sem poder avisar os homens do que estava por vir.
Sabe, sinto uma paz muito grande aqui, dentro da caixa. É bem mais tranqüilo depois que as mazelas saíram. Principalmente a Preguiça. Acredita que ela nunca tomou um banho na vida? Seu cheiro era insuportável. Acredito que ela é um dos males mais perigosos. Mas quem sou eu para julgar, não é verdade?
Então, aconteceu o que aconteceu, e chegamos até os dias de hoje onde, com Tempo e Esperança os homens arrumaram um jeito de afastar as mazelas pouco a pouco.
Queria me fazer presente, mostrar a eles os perigos que correm e ajudá-los evitar erros. Mas tudo bem. Nem tudo é como queremos. Pelo menos a Solidão foi embora junto com a Tristeza, há milênios atrás. Eu tenho a mim mesma aqui dentro da caixa, e não tenho reclamações a fazer.

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É isso mesmo. Para assolar a vida dos homens, Zeus criou a mulher.
Machismo na Grécia antiga? IMAGIIIIIIIIIINA! (:


Texto para o Blorkutando. Será que aluém vai ler inteiro? ._.

5 comentários:

Liv disse...

Eu li tudo! Uma palavra que descreva seu texto: incrível. Você escreve de uma forma maravilhosa, sabia? Eu adorei!

Beijos.

juh costa :]' disse...

Eu lii *-* Tá mara! :D

SZÉCHY disse...

Cara, eu li tudo, também! Valeu a pena xD ah, e eu nao posso mais 'blokurtar' já que deletei meu orkut. mas em todo caso, adorei o texto... voce se supera, cara *-*

Maria Carolina disse...

aaaaaah, eu li tudo também e gostei muito: mas foi você mesmo que fez ou achou esse conto em algum lugar?
só sei que eu li e adorei mesmo *-*

PS. vou seguir o seu conselho, ok? (:

[http://colunadacary.zip.net]

Gabriela Marques de Omena disse...

nao li tudo, desculpa. Odeio mitologia Grega ou então qualquer que seja mitologia. Era pra que tema este texto?

Adorei o jeito que você argumentou a 'competição'. Não havia pensado desta forma!
Beijinhos.
Você escreve muuuuuuuuuito, parabéns.