quinta-feira, 25 de novembro de 2010

O avesso do medo

Todos os defeitos são fruto do medo. Orgulho, pretensão, raiva, rispidez... Lá no fundo, é tudo medo. Medo, talvez, de que alguém descubra como somos frágeis. Medo de assumir que precisamos uns dos outros. Medo de dar o braço à torcer e sentir-se traído justamente por quem conhece nossas fraquezas. Auto-flagelação. Puro sofrimento antecipado. Máscara.
A gente se esconde por trás de uma imagem bem-resolvida e sorridente por vergonha de assumir que cada um tem um coração que fica apertado quando a tristeza vem. Uma vergonha imposta, surdamente, há gerações, em todo o mundo, que me faz mal. Me corrói por dentro, me desgasta, e ainda faz parecer que culpa de todos os males do mundo é minha. Ah, mas eu nego isso até o fim! A culpa de todos os males do mundo é da própria Culpa!
Esse peso que todos nós carregamos nas costas como se não fosse esforço suficiente andar por aí com um sorriso no rosto apesar dos nós na garganta e na cabeça.
Quer saber? Eu detesto sorrisos desacompanhados de brilho no olho. Gosto de pessoas radiantes, gente que anda com o nariz em pé por orgulhar-se do que é e não liga para o que o próprio medo vai dizer de seus atos. Gosto de gente que se entrega, que se joga, gente que não tem vergonha de ser feliz.
Será que existe alguém assim? De verdade? Alguém que não use máscaras? Tomara, porque é assim que eu quero ser. Se alguém já pode, eu também devo poder.
Olha, lá no fundo, por trás do medo, eu sinto que sou assim: com essa força toda, com todas essas cores e sobretudo, com toda essa paz. Então, ainda há esperança de ver as máscaras caindo.
Porque, ao contrário do que se pensa, o avesso do medo não é a coragem impulsiva: é a paz. E cada um só vai encontrar sua paz quando abandonar o medo de andar por aí se mostrando por inteiro.
O medo é uma versão mentirosa da gente. E eu detesto mentiras.

2 comentários:

Monique Larentis disse...

Eu acho tão dificil falar sobre medo. A gente sente tanto medo de tantas coisas, e ao mesmo tempo não sente medo nenhum.

beatriz albarez disse...

Lu, falou tudo bebita ! Muito bom (:
beijinhos ;*