domingo, 9 de agosto de 2009

Nem herói, nem vilão.

"O único homem que uma garota deve depender é seu pai".
Lembro-me bem da voz aguda e estridente da Frenchy consolando a Sandra Dee no viciante Grease.
Pois, não concordo muito com isso: tenho alergia a essa história de dependência.
Embora, legalmente, até os dezoito, eu dependa do meu pai. Isso sempre me incomodou.
Sempre esperei o dia em que, na hora da raiva eu pudesse dizer “você não manda em mim”, ou “eu não preciso de você”, mas não posso. Porque ele manda. E eu preciso. Mas essa parte é fácil de admitir.
Difícil é admitir que eu tenha grande parte dos defeitos que critico nele. Arrogância, prepotência, impulsividade.
Somos os dois grandes bobos. Duas crianças. Brigando por causa de tempo no computador, pipoca e coisas mais infantis.
Mas queriam o que, afinal? Somos dois grandes bobos arrogantes e impulsivos sim, e somos duas pessoas generosas, leais, éticas e íntegras.
Somos dois leoninos do mesmo decanato. Dois exibidos, dois loucos, duas pessoas que sabem se divertir. Que acreditam na magia. Que percebem coisas que nem todo mundo percebe. Que veem coisas que pouca gente vê.
Brigar com ele é rotina. E quanto a ficar puta porque ele não sabe pedir desculpa e me sentir mal por ser injusta com freqüência (como me dói admitir isso!)? Quase toda semana.
Meu pai não é meu herói. Não tenho heróis. É tudo culpa dessa minha cisma de ser independente.
Mas menos ainda do que herói ele é um vilão: ele é humano.
Um humano estourado, descontrolado e cheio de defeitos.
Mas certamente, a pessoa mais correta que já conheci na vida.

2 comentários:

Liv disse...

Também tenho uma cisma com independência. E concordo: meu pai não é herói também, é apenas humano.
Adorei seu texto.

Beijos.

Bruna Zanni disse...

Mas faz uma falta quando nunca tivemos... Briga, mas valoriza...