sábado, 3 de janeiro de 2009

Vírgula.

Passamos (pelo menos eu passo) todo o ano empurrando com a barriga certas coisas. Muitas coisas. E não me preocupava, porque sabia que em dezembro viria aquela hipocrisia toda de natal e com ela as férias. E nas férias nós temos – ou acreditamos ter – a liberdade de fazer o que bem entendermos. E sonhamos, por todo o ano, criamos situações, viagens, compras, passeios e amigos. Tudo a ser realizado nas férias.
Acho que o dom de se iludir é uma característica humana, e se não for, é uma característica minha. Na maioria das minhas férias eu fico por aqui mesmo, em casa, enquanto meio mundo viaja e eu me mordo de inveja.
Mas mesmo sabendo disso planejo as férias perfeitas, viajao mentalmente esperando o dia em que vou viajar sabe-se lá como ou para onde. E normalmente me frustro e e me acomodo à minha triste realidade.
Como de costume, esse ano eu também planejei as férias perfeitas quando soube que ia viajar com minha melhor amiga. Criei mil situações e, embora nenhuma delas tenha acontecido não me frustrei ao voltar. Acho que eu finalmente entendi um pouco desse mundo doido.
Não vale à pena ficar empurrando tudo pra depois, mentindo para si mesmo ao dizer que “tudo vai melhorar ano que vem”. As coisas não melhoram se você não se esforçar. Seja essa melhora relacionada a dinheiro, romance ou qualquer outra coisa que valha.
Nos textos, vírgulas são pausas – momentos onde você pode respirar. As férias servem para isso, também. São uma parte do ano em que você não tem necessariamente uma rotina, não tem tantas obrigações e tal.
Mas não devemos esperar datas que os outros julgam marcantes para mudar, para ser melhor, para começar uma nova vida, ser diferente: devemos fazer todos os dias aquilo que queremos. Devemos lembrar sempre de não deixar nada para depois. Não porque a vida pode acabar a qualquer momento como dizem por aí, mas sim porque depois você pode perder a coragem.
Cada final de ano é carregado de superstições, promessas e fogos de artifício. E deixam um ponto final como prova de que tudo um dia acaba, e – é preciso lembrar: recomeça.
Espero que minha vida tenha mais vírgulas que pontos finais. E que em 2009 eu aprenda a fazer comparações que não sejam toscas, e vou fazer de tudo para alcançar esse objetivo, entre outros.
Ainda não sei bem quem sou, mas vou tentar ser da melhor forma possível.

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