sexta-feira, 19 de junho de 2009

Distante

Claire trazia, desde o dia anterior, a sensação de irrealidade, a sensação de isolamento, de torpor. Aquela sensação que não a perturbava (tanto) há um certo tempo, parecia voltar com toda a força.
O temop se mostrava mais lento, mas seus pensamentos não se adaptaram ao novo ritmo.
Ela era inquieta, como de costume. Não importava o tempo do tempo.
Naquele dia em especial, se sentia podre.
Absolutamente distante de tudo e de todos, sentia pela milésima vez que ninguém a compreendia.
Estava confusa, e pior: sozinha.
Até de quem Claire esperava receber um abraço ou uma mínima demonstração de afeto acabou por frustrá-la. Também.
As outras não a importavam. Tanto fazia o que pensavam ou como agiam.
Mas aquela pessoa não: sua indiferença soava como desprezo para Claire, e ela se sentia cada vez mais frágil, cada vez mais distante.
Todas as palavras que um dia a confortaram hoje já não funcionavam mais.
Sua felicidade era efêmera, e tão irreal quanto sua ilusão sobre a existência do tempo.
"O tempo não passa, as coisas não mudam", concluiu.
Mas o tempo, agora arrastado, passou, e Claire se deu conta de que a manhã findava.
Então seguiram, ela e seu torpor, a caminho de casa. Foram os dois lentamente ardendo em fogo branco... Até o torpor passar.

Um comentário:

SZÉCHY disse...

0já tinha lido, já tinha comentado e repito: adorei esse texto, Lu!
:)